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Redes Sociais, Fitness, Zombies



Tenho-me sentido compelido a afastar-me de redes sociais ( já há algum tempo). Eu sempre as usei como ferramenta de trabalho, sempre me consegui controlar bem em relação ao seu consumo que pode ser aditivo. A imagem mental de um boneco, tipo zombe, a babar-se para um telemóvel durante horas foi algo que me despertou a atenção a dada altura e é algo que me surge na mente de vez em quando e que me mantém afastado dessa máquina aditiva. Contudo, o meu trabalho necessita da exposição que as redes sociais me dão. E na verdade, eu gosto bastante de produzir conteúdo. Gosto da ideia de aprender, experimentar e passar o testemunho. Falar sobre coisas que faço ou que fiz, tornou-se a minha minha forma de exposição. Não há nada mais genuíno que isso. E uma das minhas intenções é essa mesmo, poder ser autêntico e falar de coisas que fiz ou que aprendi. Sem imposição, sem complexo de superioridade, sem exigências. "olha o que aprendi, olha o que conclui, olha o que senti com esta experiência". O processo de criação tem sido curioso e interessante. O meu tema principial sempre foi "progresso" e talvez tenha usado mais a vertente do fitness, pois foi a área em que me especializei. Mas desde que me lembro que falo sobre formas de progredir, seja a nivel mental, pessoal, corporal ou espiritual. Porque eu mesmo busco esse progresso. É algo que está enraizado na minha escala de valores.


Mas como tudo na vida, é fácil sermos arrastados pela exigência/estupidez do público. Seja porque não conseguimos chegar a tantas pessoas quanto gostaríamos, seja pelas críticas que vão aparecendo, que querendo ou não acabam por desencorajar qualquer um. O ser humano tem esta mania de dar mais atenção ao negativo que ao positivo. E eu não sou excepção. No meio do fitness, (que se tenta abordar ou expor como uma ciência ou conjunto de ciências concretas, rígidas e objectivas como uma engenharia por exemplo) há essa falsa sensação de confiança que 1 + 1= 2. Quem estiver no meio há muito tempo como eu estou, encontramos falácias em tudo que se diz. Temos meia dúzia de informações que conseguem ser sólidas, mas tudo o resto é muito vago, divergente, subjectivo, especialmente na parte do treino. E o pior é que vemos papagaios, a falar frases decoradas, super confiantes que as suas verdades são incontestáveis, que são dogmas e que qualquer visão oposta é lixo. Essa arrogância acompanhada de outras características muito comuns vistas no meio tornam o diálogo muito dificil. Para ajudar na festa, as pessoas que consomem essa informação com o intuito de aprender, a dada altura, sentem-se mestres também. "Meia verdade, dita por um idiota, para uma plateia de burros, transforma-se numa verdade incontestável. "


Ainda no âmbito do consumidor, temos também a questão dos anabolizantes, que parece ser o tema principal de qualquer curioso do Fitness. Que justifica a sua genética de treta, a falta de compromisso ou ambos para escarnecer qualquer pessoa que tenhas resultados. A frustração incorpora assim os comentários em qualquer publicação. Fala-se sobre suplementação: " E quimica, disso não falas tu". Fala-se de treino: " e uma deca não ?" E por aí vai. Na cabeça destas pessoas, não há qualquer legitimidade em nada que saia da tua boca se não for falar de droga. E isto, do ponto de vista do criador, que gasta o seu tempo e expõe o seu conhecimento, para depois ler este tipo de coisas acaba por ser frustrante. Se o propósito do conteúdo é ajudar o consumidor, mas uma grande parte do consumidor não tem 2 dedos de testa, o criador vai questionar se vale a pena. E atenção que falo mais isto do ponto de vista de observador. Já me aparecem meia dúzia de vez em quando, mas não posso de todo dizer que é recorrente nem atinge um volume grande de pessoas, também pelo facto de a minha audiência não ser assim tão grande. Mas para as pessoas que estão bem mais expostas que eu, é o pão nosso de cada dia,e é doloroso ver este tipo de comportamento.


Toda a gente quer melhorar o seu aspecto fisico. Creio que acaba por ser algo inerente ao ser humano, pela mais diversas razões que todos nós conhecemos. Mas, talvez, poucos estarão á altura de seguir um compromisso a longo prazo. Uns por falta de conhecimento, outros por falta de convicção, outros por incapacidade de auto controlo e outros porque não estão dispostos a pagar o preço. Outros porque são de extremos, ou 8 ou 80. São muitas as razões que levam alguém a desistir dessa jornada. Não é preto no branco e talvez uma publicação a escrutinar todos os motivos que estão por detrás da desistência mereçam uma publicação/ estudo por si só.



Por enquanto, e só porque hoje me sinto rabugento, deixem-me libertar aqui as minhas palavras como forma de alívio. Estas palavras terão um pouco de verdade e um tanto de frustração.


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