Num dos retiros que fiz recentemente, conheci um homem cuja sua infância tinha sido marcada por abusos e mais abusos. Estamos a falar de alguém que tinha sido muito mal tratado pelo pai ( esfaqueado, violado, colocado em cativeiro), algo que ao escutar me fez vir as lagrimas aos olhos.
A sua adolescência foi marcada pela violência dele para com os outros. Como forma de protesto, como forma de lidar com a própria dor que carregava.
Chegou a estar preso. E numa tentativa de se reconstruir, já adulto, quando saiu começou a usar o ginásio como forma de direcionar a sua energia. Algo que o ajudou significativamente. Começou a gerir melhor a sua dor, e começou então a trabalhar com outras crianças que passaram por algo semelhante ao que ele passou.
Ao segundo dia do retiro, este homem parecia outro. A sua expressão facial era mais leve, sorria com os lábios, com os olhos e com a alma. Não sei o que os psicadélicos fizeram com ele, mais precisamente, ayahuasca. Por mais que ele tentasse explicar por suas palavras, pouco ou nada fazia muito sentido. Creio que todos nós, que estávamos presentes, estupefactos a olhar e atenciosamente escutando, via-mos e ouvia-mos muito mais do que o sentido que se tentava fazer de tudo aquilo. A frase que me ficou no ouvido e que mais sentido fez foi:
“ sinto finalmente que a vida é uma dádiva e não um fardo”
( tomei a liberdade de traduzir o significado pois as palavras não foram exatamente estas e a expressão mais próxima traduzida para português seria esta)
Esta e muitas outras transformações, assim como a minha própria mudança desde que fiz o meu primeiro retiro em 2022, têm me despertado para um mundo de possibilidades no que diz respeito aquilo que é possivel com a ajuda de plantas medicinais como ayahuasca ou como o bufo ( uma secreção de um sapo).
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